(produzi este documento na tentativa obter apoio, em tempo, às famílias sem terra de Esperantina)
1.
Objetivo deste relato
Este é um relato pessoal sobre o programa CAF, onde
não há intenção de diminuir o trabalho de nenhum parceiro, ao contrário, tento
expor justificativas que permitam a todos nós, responsáveis pelo
desenvolvimento local, superar as pedras que se apresentaram no caminho de dois
pretendentes do programa, dois Francisco. Há um ano eles esperam pela conclusão
do processo de compra de terras através deste importante programa federal.
Hoje, a proposta correm o risco de ser extinta,
matar as esperanças daquelas famílias e fechar futuras portas de negócios com proprietários de terras
locais.
2.
Definição rápida do que é
CAF
Programa capaz de pagar até 40 mil reais para
agricultores que a vida toda fazem roça nas terras alheias. A família que receber o projeto da terra
concluído terá até 17 anos para pagar, com descontos generosos.
A terra é posta em nome da família, além disso, o
CAF empresta 9 mil para o inicio do trabalho na nova terra.
3.
Situação do CAF dos dois “Francisco”
São dois sem terra, dois “Francisco”, com seus 50
anos de idade, a vida inteira fazedores de roça em terrenos alheios.
Um dos Francisco neste momento extrai palha de
carnaúba, atividade arriscada, de poucos ganhos. E permanecerá por lá, verão a
verão, até a idade ou a saúde tolerar. O outro Francisco queimará terra para
mais uma roça. E viaja 40 (quarenta) quilômetros, casa - terreno alheio - casa,
todo dia.
Eles verão o CAF como um engano, um programa que não
dá certo. Os dois “Francisco” não terão a oportunidade de serem grandes
defensores e representantes do CAF como programa de resultados aos que não têm
terra própria para trabalhar.
Um deles, há dias ficou descrente. O outro, com a
esposa, todo dia ou ligam ou vêm neste escritório pedir apoio, esperanças.
4.
Situação do proprietário da
terra
Ao proprietário a proposta de vender o terreno
chegou ao limite insuportável da espera. Um ano aguardou o valor que o próprio
CAF definiu para as terras dele.
“Não há mais como tolerar tanta espera”, diz ele.
Com razão?! Disse: “vendo para o primeiro que chegar”. Além disso, poderá
redefinir novo valor para sua terra... um ano depois.
Se há qualquer interesse do CAF para salvar o negócio
é prudente falar imediatamente e definitivamente com este proprietário. Nele, a
proposta está por um fio.
5.
Particularidades de
Esperantina
Cidade de terras ociosas, mantidas para herança,
para especulação ou para nada. Provável que as terras daqui, em breve, sejam
trocadas pela praga social da soja e do eucalipto.
O programa CAF, se fosse implantado com êxito, ao
menos para um caso (case), geraria precedente positivo, disseminando a imagem
de um programa ‘bom pagador’, de ‘preço justo’, de negócio rápido e ser visto como
‘gerador de oportunidades aos conterrâneos’.
Nesta cidade de terras sem novidades, o CAF, se
implantado com êxito, será capaz de provocar uma reação em cadeia:
proprietários descobrindo que terra vendida ao CAF além de ser um bom negócio
financeiro, também um negócio justo em favor de gente sem condições de obter a
primeira terra própria.
6.
Fim moral do CAF local
Este programa por si não tem pernas. Quem faz o CAF
caminhar são autoridades competentes.
Se não fazemos as pernas do programa, não é ao
programa que estamos dando um fim improdutivo, nem só apenas devolvendo
recursos federais aos cofres federais... Estamos é transformando a palavra
projeto em ‘monstro’ e sacrificando
oportunidades de famílias, sem que estas entendam o que se passa. (A falta de
informação no campo é uma cegueira que consome vidas feito doença).
Diante dos emblemas enfrentados pela PAGRO, empresa
afrente destes primeiros e únicos processos esperantinenses, e diante da espera
do BNB pelos documentos técnicos do processo, relato que, como representante
público e agente proativo ao desenvolvimento local, vejo o CAF, potencial
distribuidor de terras ao povo, morrer, incapaz de suplantar as pedras do
caminho. Com ele, os “Francisco”, continuam padecendo.
Esperantina, Pi, 27 de setembro de 2011.
Paulo Brasil