segunda-feira, 13 de junho de 2011

QUEM É POBRE, PERMANECE

Dois Franciscos, trabalhadores do campo, humildes, ouvem do gerente:
___ Não, não enviaram nada para nós, não chegou nada de projeto seu aqui não!

O tal projeto propõe financiar a primeira terra própria na vida daqueles homens, aos 50 anos. Seria, em suas vidas, a primeira roça em que não precisariam dividir lucros com arrendatários.
Estes arrendatários além de ficarem com parte líquida da colheita, lucram com toda a sobra de pasto para seus animais, lucram também com a área que fica pronta para pastagem permanente.

Um dos Francisco desabafou: "__ Um kilograma de arroz que custa no mercado R$1,20, em nosso caso, no tipo de roça arrendada, depois de toda a nossa mão de obra, o arroz nos custa R$10,00. Somos burros e escravos, ao mesmo tempo. E agente acaba a vida trabalhando assim".
Eles, os dois Franciscos, foram ao gerente do banco achando que seus projetos ha tempos tinham sido encaminhados pelos técnicos.

Os técnicos, abarrotados de trabalho, não acompanham as necessidades dos homens simples do campo, não interferem nas suas lavouras primitivas, não podem se responsabilizar por resultados improdutivos, não costumam denunciar a inviabilidade da mão de obra de produtores. Os poucos contratados não podem resolver o problema do país.

Os técnicos são poucos. E há dinheiro muito. Mas a produtividade da agricultura familiar no Nordeste do Brasil é uma vergonha. Quem é pobre, permanece.

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